segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

VOCÊ SABIA QUE 24 DE AGOSTO É DIA DA INFÂNCIA?


Nós humanos, ao nascer, somos o animal mais imaturo e dependente entre todos os animais.
Nascemos todo pronto para a vida natural, contudo necessitamos de pelo menos oito anos de cuidados e atenção da mãe, da família ou de substitutos, para poder sobreviver, em nosso meio natural. Precisaremos, portanto, passar por um 2º nascimento, emergindo da vida natural para imergir no mundo da cultura recebido como herança do grupo do qual fazemos parte.
Neste contexto, a família é a primeira instituição que a criança atravessa. Nela ocorre a possibilidade de estruturar-se como sujeito e desenvolver suas chances de sobrevivência e adaptação ao mundo. Mas é também na família que a criança perde suas possibilidades de ser infante quando esta recebe as projeções dos adultos que se encontram nos seus anseios e frustrações.
Mas nem sempre foi esta a visão da criança e da família na história da humanidade, esta relação passou por profundas modificações, estando relacionado à visão política, social e econômica de cada etapa de vida em sociedade. Durante muito tempo, a criança foi vista, como miniatura de adulto, passando por sucessivas mudanças, a partir do século XV.
A família moderna, nuclear, que conhecemos hoje, composto por pai, mãe e filhos, só se consolidou a partir do século XVIII. Foi neste momento que a família passou a se organizar em torno da criança e a erguer entre ela mesma e a sociedade o muro da vida privada.
Mas é somente no século XX, que surge a condição especial da criança: a infância. Aqui a criança deixa de ser misturada aos adultos e de aprender a vida em contato com eles.
Mas, chegamos ao século XXI. O que significa, então, ser criança nos dias de hoje? Como situar a infância nesse contexto?
A sociedade hoje tem uma visão adultocêntrica da criança, ou seja, ela não é considerada um ser inacabado e incompleto que precisa amadurecer e evoluir. Fomos apagando a infância de nossas crianças e caindo nas armadilhas culturais de nosso tempo.
A infância hoje representa uma fase onde as crianças precisam exercer muitas atividades, aulas de balé, inglês, natação, futebol, computação; sem tempo para brincarem; vestindo roupas; cantando e dançando músicas de adultos (erotizadas), jogando jogos de adultos pelo prazer da competição. Numa sociedade marcada pelo consumismo, individualismo e avanços tecnológicos, nós pais, costumamos nos queixar dos apelos e da pressão exercida pelas crianças para comprar uma gama variada e extensa de traquitanas de todos os tipos e valores, eles seguem as tendências da época. A infância é o reflexo do que a sociedade oferece a ela. Para aproveitá-las melhor, elas se espelham em nós adultos. 
Sejamos mais solidários com nossas crianças e deixemos um pouco de lado as nossas próprias angústias. Não é tarefa fácil, mas um pouco mais de atenção, amor e uma boa e salutar convivência familiar podem atenuar e até mesmo eliminar, alguns desses sintomas da modernidade.
Sejam eles geniais ou apenas normais, talentosos ou simplesmente cidadãos corretos e bons profissionais, ao invés de pensarmos em criar seres incríveis devemos contribuir para que as crianças se tornem adultos felizes e que vivam suas existências em paz.
De uma coisa podemos ter certeza: há uma grande parte da vida reservada para a idade adulta, então porque não aproveitar a infância enquanto há tempo? Como nos diz o mestre Dr. Adalberto Barreto, psiquiatra, psicanalista, terapeuta de família e criador da Terapia Comunitária: "Minha primeira escola é a família; meu primeiro mestre é a criança que fui".
* Texto de minha autoria publicado originalmente na edição de Outubro/2013 do "Jornal Comunidade" - da Paróquia Nossa Senhora da Luz - Salvador - Bahia - Brasil. 

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